quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Como lucrar duas vezes por um único filme

Como prometido em meu post inaugural, vou falar hoje sobre o novo filme da saga do bruxo mais famoso do mundo (depois de Paulo Coelho): Harry Potter.


Deixa-me antes de mais nada esclarecer algo bem importante: eu sou fã da saga criada pela britânica J. K. Rowling.  Li todos os livros, emprestados de minha irmã. O  primeiro foi há exatos dez anos. Sim, era um livro infantil. A história era infantil. Os personagens eram infantis, mesmo aqueles que já estavam na adolescência (aliás, os adolescentes hoje são muito mais infantis do que as crianças propriamente ditas). Mas a magia que envolvia toda a história era empolgante e ao término da leitura me senti mais leve, como se o mundo fosse um lugar lindo, sem violência, sem maldade. Logo emendei a leitura no segundo, que eu nem gostei tanto (assim como o filme, é o pior da série) e no terceiro. A partir desse a coisa pegou. Ora, onde estava aquela linda historinha infantil, com final feliz e esperançoso? Confesso que algumas passagens, principalmente a dos dementadores, eram bem assustadoras e cheguei a ter pesadelos com esses troços. Verdade. Eu, burro velho, no alto de meus 26 anos, tendo pesadelos com personagens fantasiosos. Que puta escritora é essa J. K. Rowling, hein! Imputar sensações e até mesmo pesadelos em seus leitores não é para qualquer um.

Mas algo aconteceu. Após um razoavelmente bom quarto livro, eis que ela veio com a mania de grandeza dos grandes épicos e nos brindou com um quinto livro com mais de 600 páginas onde nada de importante realmente acontecia, como uma “barriga” de novela, quando os autores enchem lingüiça para esticar a trama devido a audiência. O mesmo se repetiu então no sexto e no sétimo e último volume da série. O que dona Rowling não se deu conta era que ela não estava escrevendo uma novela que deveria ser esticada ao máximo, e sem conteúdo. Isso levou a passagens enfadonhas e que em nada acrescentavam a trama de Harry Maconheiro (ops! Potter... Pott... maconha???), tanto que nos filmes foram extraídas sem dó nem piedade pelo estúdio (Warner). Desculpem-me os fãs ardorosos, que nunca vêem defeitos em seus ídolos, mesmo que eles estejam lá, na cara, mas a visão crítica deve prevalecer: sim, o sexto e o sétimo livros poderiam ser BEM menores. Nada justificava ali mais de 700 páginas.

O que nos leva, finalmente, depois de toda essa verborragia, ao assunto do post: o último filme da saga HARRY POTTER (atenção para SPOILERS! Se você não viu o filme, pare por aqui).

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Vou ser direto agora: não gostei muito do filme. Sério. Não gostei. Não que ele seja de todo ruim, tem boas passagens, uma ou outra boa cena de ação, mas assim como no livro, muita, mas muuuuita enrolação. Até cenas totalmente desnecessárias foram escritas apenas para o filme, como a da dancinha “vergonha alheia” de Harry e Hermione (ah, Hermione...) na cabana. Pra quê?! Eu respondo: para se fazer necessário um filme de mais de 4 horas de duração.

Antigamente, os grandes épicos como Ben-Hur, ...E o vento levou e Os Dez Mandamentos tinham mais ou menos essa duração e não havia a necessidade de se dividi-lo em dois. Digo, eles eram divididos sim, havia um interlúdio ou “intermission” entre as partes, mas durante a mesma sessão, para que os espectadores pudessem esticar as pernas, ir ao banheiro, comprar algo na bomboniere. Mas se pagava apenas um ingresso.  Hoje, tempos modernos, o lucro fala bem mais alto, então, pensam os produtores, “para que cobrarmos apenas um ingresso quando podemos cobrar dois?!”. Pois foi isso o que fizeram. E fizeram infelizmente adaptando o único livro em que isso não se fazia necessário.  Não mesmo. “AS RELÍQUIAS DA MORTE”  é um livro que poderia, sem dó nem piedade, ser pelo menos um terço menor do que ele é. Praticamente em toda a primeira metade dele, e por conseguinte do filme, nada acontece. Nada que não pudesse ser bastante resumido e que caberia assim, sendo bem gentil, em cerca de 40 minutos de projeção.  O resultado foi um filme longo, com pouco mais de duas horas de duração, arrastado, e que terminou na melhor parte, deixando um gancho muito bom (ponto para os roteiristas!) para o próximo, que só deve chegar as telas daqui a seis meses. Se você estava na sessão das 18 horas do Roxy, em Copacabana, no dia 24 de novembro e ouviu um “NÃOOOO!” bem alto quando a tela fica preta e os créditos começam a subir depois que Voldemort pega a varinha das mãos do profanado defunto Dumbledore, já sabem: fui eu.

Então, se você não for um fã ardoroso e não viu o filme ainda, espere. Daqui a seis meses, quando a segunda parte for lançada, alugue o DVD (se você já entrou no mundo da alta-definição, alugue um BD), assista e vá para a sessão de cinema em seguida. Aposto que sua experiência vai ser mais gratificante que a minha. E um aviso: a segunda parte da história, pelo menos no livro, é FODÁSTICA! Seqüências épicas de dar gosto de ler – e, espero, de assistir.

PS: quero só saber como os roteiristas vão explicar a idade dos personagens adultos, como o professor Snape, que apenas no último livro, ficamos sabendo estar na casa dos 40 e poucos, mas cujos atores já passaram há muito tempo dos sessenta.

6 comentários:

  1. Vou seguir o seu conselho e vou assistir a primeira parte em DVD na época em que a segunda parte estiver em cartaz.
    bjo!

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  2. Gostei dessa!
    Aliás... acho que prefiro assistir as duas partes em casa no conforto do meu sofá!
    De preferência uma seguida da outea!
    rs rs rs rs

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  3. Daniel Durvault Roitberg10 de dezembro de 2010 às 06:37

    Ah! Então foi você que gritou???!

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  4. Sabe... Até hoje eu ainda tenho vontade de te esganar por ter levado o meu Danzinho pra assistir Harry Potter sem mim!

    Não podia ter escolhido outro filme não, né? Tinha que ser aquele pelo qual eu esperei desde o último lançamento?

    Até hoje eu não fui ver o filme... Culpa sua!

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  5. Diana, eu não levei seu Danizinho não, viu? Ele foi por livre e espontânea vontade! você poderia ter ido, aliás!

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  6. Vc levou sim... Carregou meu Danzinho! E disse que queria um programa sem namoradas, tá lembrado?

    E qual era o programa? Harry Potter!!!!

    Tamanha traição...

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