terça-feira, 18 de novembro de 2014

Ao infinito - e além!


Já tem mais de uma semana que fui ao cinema, ressabiado pelas críticas, assistir a INTERESTELAR, o épico espacial de Christopher "Dark Knight' Nolan, escrito por ele e por seu irmão, Jonathan (responsável por outros roteiros filmados por Chris). Minha expectativa, então, estava lá embaixo, mas eu precisava tecer minha opinião, precisava conferir. Será que o filme é essa bomba mesmo? Não é possível, dado o histórico de filmaços assinados por Nolan, como a própria trilogia do Cavaleiro das Trevas, "Inception" e "Amnésia" (filmes que têm seus detratores também, claro!). Pois dada a minha baixa expectativa, com um saco de pipocas e um matte com limão (tenho evitado refrigerantes, mesmo no cinema), passei  as quase 3 horas de projeção simplesmente hipnotizado, não pelos efeitos especiais, mas sim pela história mesmo. 

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Chamaram o síndico! Oba!!!

Depois do fiasco - na opinião deste que vos fala - que foi seu último filme ("Reis e Ratos"), Mauro Lima se redime com essa ode ao Rei do Soul Brasileiro e brinda o espectador com um drama musical que exprimi a alma de TIM MAIA. O roteiro, assinado pelo próprio Lima em parceria com Antonia Pellegrino tem como base o livro "VALE TUDO", de Nelson Mota (que também originou o excelente musical nos teatros, que elevou ao estrelato o neto Tiago de Senor "Silvio Santos" Abravanel), mas também baseou-se nas memórias de Fábio (interpretado por Cauã Reymond), melhor amigo e maior incentivador da carreira de Tião, a.k.a. Tim.

Com um vida intensa, seria demasiada pretensão achar que tudo caberia em duas horas de filme. Mauro Lima conseguiu ir um pouco além (quase 2h30min!), mas mesmo assim algumas passagens da vida do cantor ficaram de fora, e outras foram apenas sugeridas, como as dezenas de processos que Tim carregou nas costas pelos mais diversos motivos, entre eles, quebra de contrato com gravadoras e com casas de shows (Tim era conhecido por não comparecer a muitos de seus shows e, quando comparecia, tocava o rebu com a direção e a técnica por conta do som). Não, ele não era uma estrela. Não exigia mil toalhas brancas e uvas se caroço servidas por virgens. Ele simplesmente era perfeccionista com a qualidade de sua música (que penou para lançar!) e, claro, rabugento e deveras primadona.

Babu Santana (que faz o Tim adulto) sai-se muito bem com seu primeiro papel de protagonista, mas  Robson Nunes, que dá vida ao Tim jovem (papel, aliás, que ele já fez na TV), não deixa nada a dever. A caracterização do controverso personagem em suas várias fases está excelente; aliás, toda a direção de arte é merecedora de todos os elogios! O filme retrata bem os anos 1950 a 1990 e a câmera de Mauro consegue captar a essência da história, mesmo com recursos limitados (os takes dos shows são curtos, por exemplo, a câmera fechada mostra pouco da platéia, mas a emoção está lá, transbordando da tela!).

Completam o elenco Aline Moraes, como o grande amor da vida de Tim, e George Sauma, como o Roberto Carlos da Jovem Guarda. Impagável!

domingo, 9 de novembro de 2014

Vida de menino - anos mais que incríveis

Você conhece o seriado THE WONDER YEARS (Anos Incríveis), não? Se não, pare de ler essa resenha e corra para assistir. AGORA! Tem no youtube, tem na locadora bittorrent, tem algum amigo seu que tem todos os episódios gravados em VHS até. E vai ser lançado em DVD - finalmente!!! - esse ano. Para quem tem mais de 30 anos e viveu neste planeta (do lado ocidental, pelo menos) entre 1988 e 1993 e sabe do que estou falando, vai se identificar com essa obra-prima de Richard Linklater.

Não, BOYHOOD não se passa no final dos anos 1960, a exemplo da história de Kevin Arnold e cia., mas entre os anos de 2001 e 2013. A semelhança com o melhor seriado já feito fica a cargo da testemunha que somos do crescimento do menino Mason (Ellar Coltrane), desde seus 7 anos até sua ida para a faculdade, aos 18, e também da trilha sonora. Se em "Anos Incríveis" somos bombardeados com hits dos anos 1960 e 1970 para emoldurar a história (aliás, sem a trilha o seriado perderia muito de seu charme, daí o atraso para seu lançamento em DVD), em BOYHOOD hits da década de 2000 até 2013 tomam conta da história e nos remetem imediatamente à época em que determinada passagem do filme está sitauda. E isso Linkalter fez muito bem.

Posso dizer, sem medo de errar, que BOYHOOD é um THE WONDER YEARS resumido em 2h40 de projeção. Seria como pegar as melhores passagens do seriado (e não são poucas) e condensar num filme de 160 minutos. Tarefa ingrata, aliás. Mas Linklater foi além: resolveu ele mesmo acompanhar o crescimento de um menino até o início de sua vida adulta em tempo real. Sim, já cansamos de assistir filmes ou produtos para a TV onde os personagens crescem, sendo para isso escalados atores diferentes para viverem os personagens em cada fase de sua vida contada na tela. No caso de BOYHOOD, Linklater e seu grande amigo e parceiro de outros projetos Ethan Hawke (aqui produtor e também ator, no papel do pai de Mason) apostaram todas suas fichas e filmaram num período de 12 anos com o mesmo elenco, nas mesmas locações, justamente para acompanharmos o amadurecimento dos personagens, principalmente Mason. O risco era alto, mas Linklater sabia o que fazia. Ou pelo menos pareceu muito bem saber. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, foi sendo adaptado ao longo dos anos, nos períodos de filmagem, de modo que a contemporaneidade  da história não se perdesse, tornando-a verossímil. Mas o mais importante, no entanto, foi o desenvolvimento dos personagens. Esse, a exemplo de outros filme do diretor, como "JOVENS, LOUCOS E REBELDES" e a trilogia do "ANTES..." (...do amanhecer, ...do por-do-sol, ... da meia-noite), é um filme de personagens, de diálogos contundentes e profundos, É um filme para se ouvir e conhecer. Um verdadeiro desafio, claro, para os atores, principalmente para o elenco infantil, que precisou crescer - e amadurecer - junto com seus personagens.

Não espere aqui, pois, cenas que mostram o be-a-bá do amadurecimento dos personagens, em especial do menino Mason. Não há o primeiro beijo, o primeiro cigarro, o primeiro porre, a primeira transa. Tudo isso é relegado a segundo plano, sutilmente citado ou sugerido (a cena da lanchonete onde o pai conversa com a filha de 15 anos sobre sexo e anticoncepção é tão constrangedora para Mason como para nós, na platéia, mas ao mesmo tempo deliciosamente real). O amadurecimento de Mason é mostrado através de seu relacionamento com a irmã e  os pais divorciados (o pai aventureiro, músico, por vezes desempregado, mas sempre presente; a mãe trabalhadora, interpretada por Patricia Arquette, à procura quase eterna da figura paterna perfeita para seus filhos). As situações familiares pautam a história e é aí que acerta Liklater, que deve ser indicado ao Oscar de roteiro original e também diretor ano que vem,