quinta-feira, 17 de março de 2016

Náu sem rumo


Vamos fingir que no Brasil esquerda e direita ainda existam  enquanto dicotomia política e ideológica.

Como eu disse em um post de um amigo, a esquerda no Brasil está mais perdida do que cego em tiroteio. E isso é culpa da própria esquerda e de seu partido mór, o PT. Sim, mesmo ela querendo negar, o PT ainda é um partido de esquerda, mesmo que seu (des)governo não siga bem nessa direção.

A direita então deita e rola. Outrora a culpada de todos os males no país, onde a burguesia deita e rola sobre o proletariado desde 1500 e alguma coisa, a direita viu a direção nefasta que os desmandos do PT tomaram, muito por conta de tomadas de decisões que historicamente seriam atribuídas a sua ideologia, para voltar a ter esperança de ocupar a presidência. A população, traída pela esperança que representada por Lula em 2002 (não nos esqueçamos que o país estava mergulhado numa merda tamanha que Lula foi eleito com mais de 60% dos votos!), frente a toda a roubalheira perpetrada pelo único partido que não poderia se deleitar com a corrupção (a honestidade acima de tudo sempre foi sua bandeira!), foi as ruas clamar pela saída da corja que está aí.

E o que faz a esquerda tradicional então? Se cala. Porque não pode compactuar com a direita burguesa que conclama o povo para o "golpe do impeachment". Porque não concorda com
o PT, mas jamais se submeteria a um governo do PSDB. Porque não acham constitucionalmente justo "apenas o PT ser algo da metralhadora de Moro" em detrimento a outros partidos que representam outros setores da sociedade, setores esse retrógrados, burgueses, "escravagistas", e por aí vai.

Não que eles estejam errados. Realmente a metralhadora de Moro está alvejando o PT sem pena, e aparentemente deixando  de escanteio outros partidos e personagens delatados. Tudo  em prol dessa dita "burguesia que quer manter seus privilégios, como os de levar a babá negra uniformizada a passeata pró-impeachment". Mas foi o PT quem se meteu nesta. Ninguém ali é inocente.

Com esse discurso, a esquerda do Brasil, com que eu outrora me identificava bastante, parece (PARECE!) focar sua atenção apenas a movimentos sociais "menores" (muita atenção as aspas, por favor!), deixando o todo, o bem geral da nação, de lado. Não que os direitos das mulheres, dos gays, dos negros, dos índios, dos professores, dos estudantes (só para citar alguns) sejam menos importantes, mas focalizar a luta APENAS nas ditas minorias não fará o país desencalhar desse mar de lama.

Enquanto a esquerda continuar nesse discurso minimalista do nós contra eles, tão alastrado pelo próprio PT desde a funesta campanha de 2014, discurso este que acaba propagando o ódio entre as classes, e minimizar o ensejo de toda a população, e não somente uma parte, representada pelos mais de 6 milhões de pessoas que foram as ruas no último dia 13 de março, a direita vai continuar deitando e rolando até conseguir o que quer: a volta ao poder.

E nesse meio tempo, Lula e Dilma, sorridentemente, mandam todos nós a merda.