quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Piratas pirados e um capitão sagaz


O chifre da África, como é conhecida  a região naquele continente onde está o miserável país chamado Somália, banhado pelo oceano Índico, é uma das regiões mais perigosas para se navegar, justamente por conta da ameaça de ataques piratas. Tanto que capitães de todas as embarcações que invariavelmente têm que passar por ali são avisados para irem o mais longe possível da costa. Mas não foi isso que nosso dito herói, o Sr. Richard Phillips, a.k.a. Capitão Phillips, fez. O resultado: colocou toda a sua carga e a sua tripulação em iminente risco e acabou ele mesmo refém dos meliantes que eventualmente tomaram de assalto seu navio cargueiro (um ato que no filme, escrito por Billy Ray, baseado no livro escrito pelo próprio Phillips, soou um tanto quanto altruísta, mas, dizem, não foi tão altruísta assim).

O diretor Paul Greengrass, egresso de umas das trilogias de ação mais arrebatadoras do cinema (IDENTIDADE BOURNE, SUPREMACIA BOURNE e ULTIMATO BOURNE), sabia do potencial que tinha em mãos (além do excelente roteiro - era uma história real! - ele tinha Tom Hanks no papel principal) e lançou mão do que sabe fazer de melhor: cenas de ação, recheadas de tensão. E não se amedrontou diante da máxima que filmes passados no mar são fadados ao fracasso, haja vista a dificuldade de se produzi-los (exemplos de fiascos não faltam, como Water World, argh!). Ele criou um ambiente claustrofóbico dentro do navio e do baleeiro (barco salva-vida) e pôde focar sua câmera nos atores, em closes, exigindo deles o máximo. Tom Hanks é sempre Tom Hanks, não há como negar seu talento nato e merecedor de todas as láureas que  recebeu até então. Mas é Barkhad Abdi, que interpreta o pirata Muse (uma espécie de Zé Pequeno somaliano) quem rouba as cenas. Apenas com um olhar ele conseguia exprimir seu ódio e frustração ao mesmo tempo por encontrar-se naquela situação. Não há, por isso, como não simpatizar com o sujeito, sua coragem, sua sagacidade e até sua ingenuidade infantil mediante os experientes marines americanos.

Realidade x ficção a parte, CAPITÃO PHILLIPS é um dos melhores filmes desse insosso ano de 2013 e forte concorrente as principais premiações de 2014, como Globo de Ouro e Oscar. Direção, atuação, montagem, trilha sonora, fotografia, edição de som... Todos merecem ser indicados.