segunda-feira, 28 de março de 2011

Uma odisséia sem pé nem cabeça

Quando Tron foi lançado em 1982, ele foi tratado como revolucionário por ter sido o primeiro longametragem a usar efeitos computadorizados interagindo com atores de carne-e-osso. Hoje totalmente datados, esses efeitos encheram os olhos de quem foi ao cinema e mesmo de quem alguns anos depois somente pôde assistir na TV, como eu. A trama pouco importava, era verdade; o legal era ver as motinhas coloridas correrem por um faixo de luz, fugir das traves gigantes voadoras ou ainda assistir o jogo de freesbes brilhantes onde o oponente era desmaterializado ao ser atingido por ele, tudo à banhado a luz negra e neon. Entretanto, o enredo fazia sentido, pelo menos para a época.



Em Tron, o Legado (2010), o diretor Joseph Kosinski partiu do mesmo princípio em que o visual era mais importante que a história, mas ele exagerou. O roteiro de Edward Kitsis e Adam Horowitz também não faz o menor sentido, é fato. Kevin Flyn (Jeff Bridges) sumiu há vinte anos e seu filho Sam (Garrett Hedlund), herdeiro de sua companhia que hoje é comandada por capitalistas selvagens que deturparam a vontade de Flyn, não está nem aí para ela, muito embora usufrua de sua fortuna, original dos 51% que detém das ações. Inexplicavelmente ele sabota sua própria empresa ao hacker seus servidores e disponibilizar gratuitamente seu novo sistema operacional na web bem no dia de seu lançamento mundial. Claro, ele queria dar um recado aos porcos capitalistas de plantão aquela noite, mas seus atos certamente trariam conseqüências desastrosas para os cofres da empresa. Liberado pela polícia, ele acaba seguindo uma mensagem que seu pai teria mandado via Pager (!!!) para o amigo Alan Bradley, criador do programa Tron há décadas, e vai procurá-lo no antigo fliperama de Flyn. Milagrosamente o computador que ele lá encontra, praticamente um dinossauro, ainda funciona e como num passe de mágica, Sam acaba indo parar na Grade, a cidade cibernética criada por seu pai.  Lá, tido como um programa defeituoso, vai parar nas arenas do jogo de disco e das motos, mas acaba sendo resgatado por Quorra (Olívia Wilde), uma gatíssima entidade cibernética que o leva para seu pai, já envelhecido (!!!), isolado há 20 anos da Grade numa mansão com todo o luxo, água, comida, livros... só faltou a TV de LED. A única esperança de saírem de lá e voltarem para o mundo real é ir até a fonte na Grade, por onde eles entraram e que está para ser fechada, só podendo ser aberta por fora. O único problema é terem que passar por  Clu, programa alter-ego de Flyn, que o traiu (!!!) e ainda reprogramou Tron para ser seu fiel escudeiro do mal, como um Darth Vader, numa cruzada para dominar o mundo real (!!!!).

Não bastasse todo esse absurdo descrito ai em cima – que levamos em consideração, claro, visto que é uma obra de ficção científica – temos que engolir um Jeff Bridges mais novo recriado em computador, numa das mais ridículas tentativas de se substituir um ator de carne e osso por animação. James Cameron já sabia  que isso não daria certo, por isso criou personagens ficcionais e desprovidos de traços humanos mais acentuados em AVATAR, e o resultado todos sabemos: um filme fantástico onde seres humanos de carne-e-osso contracenam com extraterrestres azuis numa simbiose perfeita. Mas Kosiski não estava nem ai – ou até estava, visto que apenas Bridges ganhou sua versão “mais moço”, deixando Tron (Bruce Boxleitner) sem mostrar o rosto em toda a fita.

Visualmente falando apenas, o filme ainda é um espetáculo pirotécnico digital, mas longe, muito longe de ser revolucionário como seu predecessor. Sinceramente, para ser visto e esquecido.

Confira o trailer de Tron, de 1982:


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Um comentário:

  1. AEEEEEEE, achei alguém que odiou esse filme tbm, achei o filme muito ruim, e como ainda não tinha visto o primeiro filme. fiquei com um pé atras para assisti-lo

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