quinta-feira, 10 de março de 2011

O carisma ficou para lá do oeste

Existe uma regra básica em qualquer filme, ainda mais em animação, que diz que os personagens têm que ser carismáticos, ou seja, gerar algum tipo de empatia com o público para que esse aceite a história, por mais absurda que seja. RANGO carece exatamente disso.


Imagine como protagonista um camaleãozinho que vive num terrário e que sonha ser um grande ator mas, por um infortúnio do destino, acaba parando no meio do deserto do Mojave (EUA), em uma comunidade de bichos para lá de asquerosos que vivem como no velho oeste. Há um prefeito corrupto, há os fora-da-lei que aterrorizam geral, há a mocinha indefesa, mas durona... E há um problema que atinge todos: a falta d’água, tratada como dinheiro (clara referência a filmes pós-apocalípticos e uma infeliz tentativa de se fazer um filme com mensagem ecológica). Rango vê a oportunidade de dar uma guinada em sua medíocre vida (afinal, ele é um ator e pode ser quem ele quiser!), mas obviamente vai passar por muitos infortúnios, como colaborar sem querer com as toupeiras que querem assaltar o banco (de água). Várias passagens do filme fazem referência ao gênero faroeste, até mesmo o encontro místico de Rango com o Espírito do Oeste (que para ele é o Homem sem nome de Clint Eastwood dos filmes de Sérgio Leone) que o guia pela sua jornada do herói. Chato.

Gore Verbinski é conhecido por ter dirigido a trilogia PIRATAS DO CARIBE e a versão americana de O CHAMADO (2002), que de certa forma apagam erros cometidos com A MEXICANA (2001) e O RATINHO ENCRENQUEIRO (1997). Dessa vez ele parece jogar a carreira para o alto ao dirigir Johnny Depp e grande elenco numa animação sem pé nem cabeça que, apesar de tecnicamente perfeita (a fotografia do filme é excepcional e merece uma indicação ao Oscar), é totalmente desprovida de emoção. O roteiro confuso não ajuda de maneira alguma e o filme não agrada as crianças, público alvo de qualquer filme desse calibre, muito menos a adultos.  Aliás, se a intenção foi fazer um filme para os adultos, ele errou - e feio - mesmo com uma única e boa cena de ação (a perseguição pelos cânions, com direito a tiroteio e ataque aéreo ao som de A cavalgada das Valquírias, de Wagner).

Definitivamente, Gore precisa assistir mais filmes da PIXAR e da DREAMWORKS. Quem sabe da próxima vez acerta?

4 comentários:

  1. Poggi, como ousa discordar do mestre Pablo Villaça? :-P

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  2. Também acho que o carisma dos personagens foi pouco explorado. Com o protagonista, então... Mesmo assim, gostei da Feijão e da ratinha de chapéu.

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  3. finalmente achei alguém que saiu também icomodado do cinema. Até o trailer gerou química do expectador com o rango comparado a película inteira. Achei muitos momentos "desconfortáveis" no filme, hora sentia que não era pra criança, hora sentia que também nao era pra adulto. Enfim, um filme confuso e incompleto, se Gore se apegasse mais ao espírito de humor do trailer e retirasse alguns exageros como o espirito do oeste, esse filme seria BEM melhor.

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