terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Maravilhosa aula de história - e política

Abraham Lincoln foi o décimo sexto homem a presidir aquele que viria a ser a maior potência política, econômica e bélica mundial do século XX. E é considerado o maior (até mesmo pela altura) e mais sábio de todos eles, até hoje. Vindo de uma família humilde, esse homem, praticamente analfabeto até o início da idade adulta, formou-se em direito e após passagem pela câmara dos deputados pelo estado de Illinois e também pelo senado, foi eleito presidente daquela nação, tendo liberado o país durante a sua maior crise: a Guerra Civil, evento responsável pelo maior número de norte americanos já mortos em uma guerra.

Nada disso está no filme de Spielberg. Na fita, acompanhamos Lincoln no início de seu segundo mandato como presidente, eleito pelo partido Republicano, as voltas com a aprovação da 13a. Emenda à Constituição dos Estados Unidos, emenda essa que aboliria de vez a escravatura naquele país e que poderia por fim à Guerra, já que os estados Confederados do Sul agrícola defendiam a escravidão enquanto os estados da União, no norte, industrializados, defendiam a mão-de-obra livre. Isso, claro, na teoria. Tanto deputados democratas quanto republicanos estavam divididos na aprovação da emenda, que já havia passado pelo Senado e bastava ser aprovada pela câmara.

É com esse pano de fundo que LINCOLN, o filme de Spielberg escrito por Tony Kusher a partir do livro de Doris K. Goodwin, passa suas duas horas e vinte minutos. Não que eu estivesse contando. Aliás, não se vê a hora passar no filme, tamanha magnitude do conjunto da obra. Da fotografia de Janusz Kaminski, a direção de arte de Michael Kahn, passando pela música do mestre John Williams, todos parceiros de Spielberg em tantas produções, e pelas soberbas interpretações de Daniel Day Lewis como Lincoln, Sally Field como sua esposa Mary Todd Linlcon  e Tommy Lee Jones como o deputado Taddheus Stevens, sem contar com James Spader, como o lobista W. N. Bilbo, tudo está perfeito em cena. Palmas para a direção de arte e muito também para a maquiagem, que transformou Lewis em Lincoln.

Se você acha que o filme é americanófilo e que a história daquele país não nos interessa, reveja seus conceitos com urgência! LINCOLN é um filme obrigatório para quem quer entender não somente um dos fatos mais importantes da história, que serviria como berço para o século XX, como também quer entender como se faz política, desde sempre; com muito lobismo e corrupção. Opa, mas isso a gente sabe pela nossa própria história, infelizmente.

Se nem história nem politica lhe apetecem, vá ainda ao cinema pelo cinema, porque LINCOLN é uma experiência cinematográfica como há muito não vemos Hollywood fazer.

LINCOLN está indicado ao Oscar 2013 nas seguintes categorias:

  • filme;
  • direção (Steven Spielberg);
  • ator (Daniel Day Lewis);
  • atriz coadjuvante (Sally Field);
  • ator coadjuvante (Tommy Lee Jones);
  • roteiro adaptado;
  • trilha sonora original;
  • fotografia;
  • figurino;
  • direção de arte;
  • montagem; e
  • mixagem de som.


Pouco?

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