quarta-feira, 20 de março de 2013

Deu a louca nos publicitários

Vou aqui iniciar uma série de posts sobre o mercado publicitário brasileiro e suas pérolas, principalmente no veículo TV, que consegue hoje penetrar em praticamente todos os lares do Brasil, país que, inclusive, é berço de vários dos publicitários mais aclamados do mundo, com prêmios em diversos festivais, como Cannes.

Infelizmente, claro, nem tudo são flores nesse mercado tão competitivo e milionário. Se por um lado já tivemos campanhas premiadas como a famosa "O primeiro sutiã a gente nunca esquece", da Valisère, de 1987 (quem tem mais de 30 anos certamente se lembra), por outro lado temos várias, mas várias pérolas do mal gosto e do non-sense.

A vítima, por assim se dizer, desse post de estréia é a nova propaganda da CAIXA, onde um menino nos seus quatro ou cinco anos está passeando de carro com a família. Ao seu lado a irmã pré-adolescente, que não larga o telefone e mantém os fones de ouvido, provavelmente ouvindo algum hit teen do momento. A frente, o pai, ao voltante, e a mãe, no banco do carona, sorrindo e admirando abobadamente a paisagem de prédios de algum centro urbano. Enquanto o passeio segue, e o letreiro enaltece as mais de 3000 agências e postos de atendimento da Caixa pelo país, o menino começa a ler os letreiros de todos os bancos pelos quais o carro passa: "Cai-xa". "Caixa lo-te-ri-a". "Caixa a-qui".

Ninguém dá a menor importância ao menino. Mesmo não sendo muito normal uma criança dessa idade (4 ou 5 anos) ler tudo o que ele vê pela frente - e nesse caso, apenas agências da Caixa - ninguém está aí para isso. Os pais, distraídos com a "linda" paisagem, não dão a menor importância. A irmã, ao lado, tampouco. Até que ela resolve tirar os fones e verificar que o que o irmãozinho estava tagarelando era nada mais do que ele estava lendo pela janela do carro. "Gente, o Dudu tá lendo!", ela exclama, para a alegria dos pais, que até então ignoravam o menino na cadeirinha e passam a sorrir orgulhosos enquanto o menino continua repetindo "Caixa, Caixa", feito um papagaio treinado. Felicidade geral. Isso tudo em 30 segundos.

A mensagem que os publicitários queriam passar aqui, no entanto, fica totalmente clara: há tantas agências da CAIXA espalhadas pelas ruas do país que uma criança é capaz de aprender a ler ao passear com a família. Sim, é isso aí. Só isso. E para tanto uma família abilolada, onde os pais não estão nem aí para os filhos, precisou ser mostrada.

Sei não... será que estou de implicância?!

Eis a pérola:

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5 comentários:

  1. E a menina ainda mostra, no celular, o site da... Caixa! (Como se uma criança da idade dela fosse entrar nesse site...)

    Concordo com a crítica, não é implicância sua não, é que a propaganda é uma M mesmo! hahaha

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    1. ahahha, verdade! a menina ainda acessa o site da Caixa!

      Boa Ivan!

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  2. Os piores comerciais são os de Cerveja :)

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    1. Pior do que os de pasta-de-dente e perfume não são, rsss, mas não se preocupe: vai ter espaço para trollar todos aqui!

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  3. Já tinha lido sobre o comercial, mas aqui foi a primeira vez que vi. E essa semana, vi de novo na tv. Vergonha alheia ao extremo.

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