Não sei se foi o fato de ter sido um dos filmes mais
esperados não somente do ano, mas dos últimos 3 anos, ou se foi o fato dele ser
o anunciado e apoteótico capítulo final de uma trilogia de sucesso, como foi "O
RETORNO DO REI", em 2003, ou simplesmente se eu estava tendo um ótimo dia (era
dia dos pais). O fato é que ter assisto BATAMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS
RESSURGE foi uma experiência cinematográfica ímpar, com direito a palmas no
final e vontade absurda de re-assistir a fita.
Atenção: spoilers a frente
O senhor Christopher Nolan conseguiu o que poucos cineastas
de todas as gerações conseguiram: entrar no hall da fama e ser considerado um
Midas da sétima arte, tanto por fãs de cinema quanto por fãs de quadrinhos
(mesmo que alguns mais afoitos apaixonados pelo personagem Homem-Morcego tenham
torcido o nariz em algum momento dessa trilogia de sucesso). Endeusado,
praticamente, Nolan entra para a história com esse ponto final (?) de sua
versão sobre um personagem enigmático e querido por milhões ao redor do planeta,
fechando um arco dramático aberto há 7 anos.. E de quebra deixa em aberto para
futuros projetos caso alguém queira dar continuidade a saga do herói mascarado
de Gothan.
No filme, 8 anos se passaram desde os acontecimentos de "O
CAVALEIRO DAS TREVAS" (2009). Gothan está mais segura do que nunca por conta da
Lei Harvey Dent, uma espécie de tolerância zero como a imposta pelo prefeito
Rudolph Giulianni em Nova
York no final do século XX. Batman continua foragido e
odiado. O comissário Gordon (Gary Oldman) continua remoendo-se de remorso, mas firme em
sua decisão de manter a memória do promotor morto, mesmo sabendo que ele se
tornara um bandido antes de morrer. E Bruce Wayne (Christian Bale) está recluso
na ala leste de sua mansão, inválido, deprimido. Quando a Mulher Gato (Anne Hathaway)
lhe rouba um colar de pérolas de seu cofre com o pretexto de, na verdade,
roubar suas digitais para vende-las a Bane (Tom Hardy), de modo que ele inicie
seu plano de destruição de Gothan, começando pelo roubo da fortuna de Wayne
através da bolsa de valores e, por conseguinte, controle das industrias Wayne e
seu arsenal de guerra, é que Batman resolve voltar a ativa, temendo que um novo
vilão nos moldes do derrotado Coringa acabe com a tranqüilidade da cidade. Para
tanto, ele contará com a ajuda do policial Blake (Joseph Gordon-Levitt), que,
muito espertamente, malandro como só um órfão poderia ser, descobre a
identidade do justiceiro e o incita a continuar sua luta.
Analisando mais friamente, deixando a empolgação de lado,
podemos notar não uma ou duas, mas várias falhas no filme, principalmente em
questão de roteiro. Deixando de lado que se trata de um filme de ficção,
baseado em quadrinhos (ou Comic Books, whatever), e que por isso mesmo deve ter
e tem ressalvas quanto a lógica e a realidade, fica difícil engolir certos
trechos sem ao menos se perguntar “mas como?” ou “por quê?”. Como, logo no começo do filme, quando um
grupo de terroristas encapuzados é escoltado num avião de volta aos EUA e entre
eles está o vilão Bane, sem que os agentes saibam. Ou quando o vilão aprisiona
3000 policias de Gothan nos esgotos e eles quando libertos 5 meses depois
aparentam ter passado um período de férias num resort. Ou quando Bane
quebra a coluna de Batman / Bruce Wayne e o joga no Poço, prisão nos confins do
mundo, de onde ele teria escapado e se tornado ídolo dos párias lá confinados,
mas pede que cuidem dele (o que é exatamente o que os prisioneiros fazem,
inclusive, concertando (!!!) a coluna de Bruce). Isso sem falar nas falhas de continuidade ou
lapsos temporais em que acontecimentos não são explicados, ou mesmo no fato de
que o personagem título quase não aparece em tela e, quando o faz, está mais do
que fragilizado (humanizado ao extremo, eu diria). Além disso, nem sequer é
citado o maior vilão da trilogia toda, o Coringa. Mesmo com a morte de Heath Ledger,
o personagem merecia ser lembrado, nem que por nome apenas.
Ai é que encontra-se a maestria de Nolan, que mesmo com
várias falhas, consegue escrever e dirigir um filmaço, com ação, trama e, vá
lá, alguma mensagem politizada (mesmo que essa no filme tenha ficado deturpada,
com o bandidos tomando conta de Gothan contra a elite que a teria enterrado em
caos). Um filme que, como dito lá em
cima, deixa uma vontade absurda de re-assistir (algo raro hoje em dia,
principalmente em Hollywood).
Destaque para Michael Cane, o melhor em cena, como o cansado
mordomo Alfred, e para a gatíssima Anne Hathaway, como a ladra Selina Kyle, a
Mulher Gato.
Bela crítica! Também gostei muito do filme, apesar das falhas no roteiro, que realmente chegam incomodar. Mas, como vc disse, Nolan construiu um filme tão bom que as falhas não chegam a comprometer o resultado final. Foi um filme que fechou muito bem a trilogia.
ResponderExcluirTambém escrevi sobre o filme. Se quiser dar uma olhada: http://isduarte.blogspot.com.br/
Abraço.
Israel, obrigado pela visista e pelo comentário. Realmente, o filme peca em alguns aspectos como os descritos acima, mas mesmo assim é um filmaço! mérito do Nolan!
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