segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sete dias com Marilyn


O que poderia acontecer quando um jovem herdeiro apaixonado pela sétima arte resolve largar a segurança do lar abastado e ir tentar a sorte na produtora de ninguém menos que Sir Laurence Olivier? Uma aventura inocente, a busca pelo aprendizado... Agora, junte-se a isso o fato de sir Laurence estar produzindo, dirigindo e atuando ao lado de ninguém menos do que a diva da época, Norma Jeane Mortenson, mais conhecida como Marilyn Monroe! Esse mote, a princípio pouco expressivo, se tornou um filmaço nas mãos do diretor Simon Curtis, advindo da TV britânica, e de quebra lhe valeu duas  indicações ao Oscar deste ano: melhor atriz para Michele Williams (Marilyn) e de ator coadjuvante para o shakespieriano Kenneth Branagh (Sir Laurence).

O roteiro de Adrian Hodges, baseado no livro autobiográfico de Colin Clark, apresenta muito bem os personagens, a começar pelo protagonista, Colin (Edie Redmayne, de “Pilares da Terra”), que logo na primeira cena está no cinema, maravilhado com o talento e beleza estonteantes de Marilyn, que canta e dança na tela. Seus olhos e suas reações às caras e bocas da personagem não precisam do auxílio de narração ou diálogo. O mesmo vale para Marilyn, já uma estrela, que mesmo acompanhada da “coach” Paula Strasberg (Zoë Wanamaker), não consegue, nem na intimidade, nem diante das câmeras, esconder sua fragilidade extremamente humana e verossímel.

O envolvimento do jovem Colin, o terceiro assistente de direção do filme sendo rodado (“O príncipe encantado”, de 1957) com Marilyn, é tão improvável quanto aceitável, e acaba caindo sobre ele a responsabilidade de trazer a jovem, porém já rodada atriz, à realidade e fazê-la focar em sua personagem, o que desperta os ciúmes tanto da “gestapo” Paula, quanto do próprio diretor, Sir Laurence, e da jovem roupeira Lucy (Emma “Hermione Granger”Watson), com quem Colin ensaiava um romance. Colin, a bem da verdade, sabe que terá seu coração despedaçado, mas ele sabe que precisa, mesmo inconscientemente, passar por aquilo para entrar de vez na vida adulta. Já Marilyn, fragilizada com o terceiro casamento sem amor, tem em Colin a muleta necessária para sobreviver as pressões do diretor e do estúdio e provar a si mesma que ainda é uma simples garota do interior.

Direção de arte e fotografia mais que competentes e um elenco de apoio recheado de estrelas no naipe de Judi Dench (Dame Sybil Thorndike) e Julia Ormond (Viven Leigh) garantem a “MY WEEK WITH MARILYN” (título original) um passatempo delicioso aos bastidores das inocentes comédias dos anos 1950 e um passeio pela alma da maior estrela que Hollywood já produziu (mesmo não sendo um filme sobre sua vida).

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