O que poderia acontecer quando um
jovem herdeiro apaixonado pela sétima arte resolve largar a segurança do lar
abastado e ir tentar a sorte na produtora de ninguém menos que Sir Laurence
Olivier? Uma aventura inocente, a busca pelo aprendizado... Agora, junte-se a
isso o fato de sir Laurence estar produzindo, dirigindo e atuando ao lado de
ninguém menos do que a diva da época, Norma
Jeane Mortenson, mais conhecida como Marilyn Monroe! Esse mote, a
princípio pouco expressivo, se tornou um filmaço nas mãos do diretor Simon Curtis,
advindo da TV britânica, e de quebra lhe valeu duas indicações ao Oscar deste ano: melhor atriz
para Michele Williams (Marilyn) e de ator coadjuvante para o shakespieriano
Kenneth Branagh (Sir Laurence).
O roteiro de Adrian Hodges, baseado no livro autobiográfico de
Colin Clark, apresenta muito bem os personagens, a começar pelo protagonista,
Colin (Edie Redmayne, de “Pilares da Terra”), que logo na primeira cena está no
cinema, maravilhado com o talento e beleza estonteantes de Marilyn, que canta e
dança na tela. Seus olhos e suas reações às caras e bocas da personagem não
precisam do auxílio de narração ou diálogo. O mesmo vale para Marilyn, já uma
estrela, que mesmo acompanhada da “coach” Paula Strasberg (Zoë Wanamaker), não
consegue, nem na intimidade, nem diante das câmeras, esconder sua fragilidade
extremamente humana e verossímel.
O envolvimento do jovem Colin, o terceiro assistente de
direção do filme sendo rodado (“O príncipe encantado”, de 1957) com Marilyn, é
tão improvável quanto aceitável, e acaba caindo sobre ele a responsabilidade de
trazer a jovem, porém já rodada atriz, à realidade e fazê-la focar em sua
personagem, o que desperta os ciúmes tanto da “gestapo” Paula, quanto do próprio
diretor, Sir Laurence, e da jovem roupeira Lucy (Emma “Hermione Granger”Watson), com quem Colin ensaiava um romance. Colin, a bem da verdade, sabe que
terá seu coração despedaçado, mas ele sabe que precisa, mesmo inconscientemente,
passar por aquilo para entrar de vez na vida adulta. Já Marilyn, fragilizada
com o terceiro casamento sem amor, tem em Colin a muleta necessária para
sobreviver as pressões do diretor e do estúdio e provar a si mesma que ainda é
uma simples garota do interior.
Direção de arte e fotografia mais que competentes e um elenco de apoio recheado de
estrelas no naipe de Judi Dench (Dame Sybil Thorndike) e Julia Ormond (Viven Leigh)
garantem a “MY WEEK WITH MARILYN” (título original) um passatempo delicioso aos
bastidores das inocentes comédias dos anos 1950 e um passeio pela alma da maior
estrela que Hollywood já produziu (mesmo não sendo um filme sobre sua vida).
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