Romário? Ronaldinho Gaúcho? Adriano? Felipe Bastos? Todos
esses são fichinha perto de Heleno, o Maldito. O filme de José Henrique Fonseca
(do ótimo “O Homem do Ano”), escrito por ele e por Fernando Castets e Felipe
Bragança, conta de maneira, se não cem por cento fidedigna, mas muito honesta a
queda deste que foi um dos maiores jogadores de futebol do Brasil, na década de
1940. Heleno foi o precursor dos futebolistas farreiros da atualidade. Primadona
convicto, ele se considerava o único jogador do Botafogo, seu time do coração,
pelo menos o único com talento e amor a camisa e negava-se até a treinar por
conta disso (Alô, Romário?). Colocava sem pudores a culpa em todo o time, até
no técnico e nos dirigentes, caso o alvi-negro falhasse. Além disso era um boêmio,
um bon-vivant galanteador. Culto e educado, advogado de formação, colecionava
conquistas amorosas, até mesmo depois de casado, e não dispensava um bom champagne no Copacabana
Palace.
Não espere do filme uma cinebiografia; a fita não conta sua ascensão
no futebol e no Botafogo. O roteiro, narrado em dois tempos, mostra Heleno
ladeira abaixo por conta de seu comportamento e sua personalidade, e já totalmente
debilitado, vitimado pela sífilis, internado em um manicômio / casa-de-repouso
no interior de Minas Gerais, o que garante a Rodrigo Santoro algumas das
melhores cenas do personagem e de sua carreira, mostrando o quão versátil ele é
e merecedor de todos os elogios e prêmios que possa angariar. Aliás, Santoro já
tem experiência em manicômios; vide sua elogiadíssima interpretação no premiado
“Bicho de 7 cabeças”, de Laís Bodansky.
A lindíssima fotogragia em petro e branco de Walter Carvalho
merece todos os elogios e nos coloca diretamente dentro do filme, sua época, a
atmosfera noir e glamourosa, além de mostrar que apesar da glória, a vida do
atleta por ser completamente desprovida de cor e vida.
Completam o elenco Aline Moraes, como sua esposa Silvia; AngieCepeda, a cantora latina do Copa, que na fita incorpora todas as puladas de
cerca de Heleno, Othon Bastos, como
Carlito Rocha, técnico do Botafogo, e Eron Cordeiro, interpretando o melhor
amigo de Heleno.
Uma pena MESMO que o filme não anda bem nas bilheterias. Técnicamente é perfeito.
Meu amigo Poggi, vi este filme hoje e achei FANTÁSTICO.
ResponderExcluirPara mim, é um TOURO INDOMÁVEL tupiniquim. Vc não achou isto também?
Retrato de um atleta talentoso e com problemas por conta de sua personalidade, preto e branco, ópera ao fundo, roteiro não linear e final com o protagonista irreconhecível por mudanças físicas... Muitas semelhanças!
E belo texto, gostei muito. Parabéns!
Abraços
Opa, Thiago, obrigado pelo carinho! Sim, o filme é foda, mas devo confessar que NUNCA ASSISTI TOURO INDOMÁVEL... Lástima essa que será apagada em breve, pois já encomendei o meu na Amazon...
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