segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Velocidade Máxima


Na década de 1970, ou seja, no auge da popularidade da Fórmula 1, modalidade de automobilismo que ainda rende muita grana para as escuderias e seus pilotos, mas que anda meio em baixa por essas terras tupiniquins, uma dupla de pilotos foi responsável pelos momentos mais emocionantes do esporte, com uma rivalidade que se não extrapolava os limites dos circuitos, fazia dentro dele valer cada minuto parado na frente da TV acompanhando a corrida.  Infelizmente eu era recém chegado a esse mundo para ter qualquer memória dessas temporadas, só tendo mesmo começado a acompanhar as corridas na década de 1980, com Alain Prost, Nelson Piquet e o saudoso e eterno Ayrton Senna, que igualmente nos proporcionaram momentos extraordinários, de pura adrenalina e emoção nas pistas. Graças ao diretor Ron Howard, mediano e burocrático na maioria de seus filmes, mas que aqui mostra extrema competência, tanto na direção de atores como no posicionamento das câmeras, mostrando total controle sobre sua obra, pude conhecer James Hunt e Nicki Lauda, corredores cujo nome conhecia mas que nunca havia visto competir.

RUSH não é um filme biográfico sobre a vida de qualquer um deles, que fique claro. É quase um relato, um docudrama (devidamente floreado pelo roteirista Peter Morgan, de A RAINHA e FROST / NIXON), sobre como surgiu a rivalidade entre o jovial e bon vivant  inglês Hunt e o sistemático e workaholic austríaco Lauda, desde a Fórmula 3, categoria menor e considerada de acesso a elite dos corredores (Fórmula 1), e como essa rivalidade foi o combustível que ambos usaram para buscar o melhor de si e de seus carros, faturando seus campeonatos. O acidente de Lauda (não, isso não é spoiler! pelamordeDeus!) é uma das cenas mais chocantes já vista no cinema e ponto de virada para ambos os personagens na história: Hunt tem lampejos de humildade e humanidade por se culpar  de alguma forma pelo acidente (ele teria influenciado os outros pilotos a não endossar o pedido de Lauda para cancelar uma corrida devido ao mal tempo), mas nem por isso deixa de aproveitar a oportunidade para alcançar o rival na pontuação nas provas em que ele ficaria de fora, e Lauda, que suporta todo o sofrimento e dor no hospital durante sua recuperação, assistindo as conquistas do rival pela TV, ansiando por voltar logo as pistas e defender seu título.

Direção de arte, que nos remonta à década de 1970 num piscar de olhos (exageros a parte, como a pré-corrida em Interlagos, recheada de mulatas sambando entre os carros e seus pilotos), montagem e edição de som são praticamente um personagem a parte, mas o filme se sustenta muito mais na atuação da dupla de protagonistas Chris Hermsworth (Hunt) e Daniel Brühl (Lauda), que encarnam seus personagens com extrema competência, principalmente Daniel, com maneirismos gestuais e  tom de voz que fariam qualquer um acreditar que ali estava o próprio Nicki Lauda.

RUSH é diversão garantida para amantes ou não de Fórmula 1, mas que certamente vai mexer mais como aqueles que fãs contemporâneos dessa histórica peleja entre dois dos mais corajosos e fantásticos pilotos.

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