quarta-feira, 15 de maio de 2013

Entrevista com Eduardo Spohr, o Anjo literário brasileiro



Posso dizer com orgulho que sou amigo desta figura há mais de trinta anos e juntamente com ele cresci envolto nesse universo fantástico em que muitos garotos de nossa geração foi inserido, principalmente nos anos 1980, a partir de filmes como Guerra nas Estrelas (Star Wars é para os fracos), Indiana Jones, os Goonies, Willow, A lenda, e tantos outros. Isso sem falar na literatura, nos quadrinhos, nos jogos de tabuleiro, eletrônicos e RPGs, enfim, em todo o universo nerd disponível para nós. Enquanto os outros garotos da escola estava afim de jogar bola, nós, ao invés de querer tocar guitarra na TV, como Lulu Santos cantava,  inventávamos verdadeiras aventuras na hora do recreio, a imaginação correndo solta.

É com imensa satisfação que publico aqui uma entrevista exclusiva que esse agora autor internacional concedeu a esse modesto blog por conta do lançamento de "Anjos da Morte",  segundo volume da trilogia "Filhos do Éden".




Claro que Poggi:  Você dedicou seu primeiro romance, "A BATALHA DO APOCALIPSE", a seu avô, Carlos Spohr, que o teria influenciado a gostar de histórias fantásticas. Conte um pouco sobre essa influencia na sua formação como homem e como escritor.

Eduardo Spohr: Meu avô sempre contava histórias absurdas e engraçadas, mas como criança, essas coisas sempre atiçam a nossa imaginação, e eu passei a considerar o fantástico como uma possibilidade dentro, claro, de um universo imaginário. Se aquelas histórias surreais me fascinavam tanto, talvez pudessem interessar também outras pessoas. Em geral, acho que a a literatura e as obras escapistas nos encantam porque nos lançam para fora do nosso dia a dia. É uma fuga, mas uma fuga saudával.

CqP: A literatura fantástica hoje é um filão mundial, já explorado por vários autores. Vampiros, fantasmas, zumbis e anjos tomaram de assalto as livrarias e também as salas de cinema. Você vê isso como um modismo literário, uma tendência ou é algo cíclico, ou seja, que já foi explorado anteriormente em outras épocas e que agora volta a tona?

Spohr: Acho que a fantasia nunca saiu de moda, na verdade. Talvez no Brasil tenha havido uma época em que a produção de obras fantásticas tenha decaído, mas no mundo como um todo sempre foi algo muito presente. Os personagens fantásticos são interessantes porque nos falam por meio de metáforas, e nos ajudam a compreender a nossa própria natureza talvez de forma mais apurada que uma narrativa realista, por exemplo.

CqP: "Filhos do Éden" deverá ser uma trilogia. Após o lançamento do terceiro volume, quais são seus planos profissionais? Haverá uma nova trilogia dentro desse "Spohrverso"? Haverá uma nova aventura com Ablon, de "A Batalha do apocalipse"?

Spohr: Não sei mesmo. Por enquanto estou concentrado em escrever o terceiro. Ainda não fiz planos para o que virá depois disso. Mas ideias tenho de montão, acho que todo escritor tem.  Em relação a Ablon, ele retorna em "Paraíso Perdido". A série Filhos do Éden toda é um prequel de "A Batalha do Apocalipse", então claro que alguns dos antigos personagens serão vistos de novo, ao seu tempo.

CqP: Muitos autores são conhecidos por um estilo ou um gênero literário apenas. Alguns críticos enxergam isso como uma limitação criativa. Como você vê isso? Isso o afeta de alguma forma?

Spohr: Não. Nunca pensei nisso, para falar a verdade. Eu me importo apenas em escrever sobre aquilo que gosto, sem me preocupar tanto com o gênero em si.

CqP: Aproveitando o ensejo, você se vê escrevendo uma história que não envolva o "Spohrverso"? Quero dizer, há alguma chance de lermos, talvez, um grande romance histórico escrito por você, uma vez que é fã declarado de história e também de autores como Cornwell?

Spohr: Sim, com certeza. Quero escrever muitos tipos e gêneros no futuro. Será que vou conseguir? Heheheeh

CqP: Vamos falar um pouco sobre "Anjos da morte". Você destrincha o século XX sob o olhar de um anjo enviado para estudar os humanos durante as guerras. Você acha que o século XX foi definitivamente o século da guerra? 

Spohr: Não acho que o século XX foi o século da guerra. Todos os séculos tiveram suas guerras. O que aconteceu no século XX é que as armas se tornaram mais possantes e potencialmente mortais, e o resultado, como sabemos, foi uma carnificina jamais vista.

CqP: Qual o grande aprendizado que Denyel e todos os anjos da morte poderiam tirar desse século, levando em consideração a sua missão?

Spohr: Por incrível que pareça, o grande aprendizado de Denyel foi o mesmo que Ablon teve, mas às avessas. O grande mote é que somos nós, e só nós, que fazemos as nossas escolhas e traçamos os nossos caminhos. Enquanto Ablon decidiu se rebelar por aquilo que acreditava, Denyel deixou-se levar pela inércia, e acabou se corrompendo. Mas no final os dois aprendem que tudo o que colheram foi consequencia das coisas que plantaram. E é assim também na nossa vida.

CqP: O que podemos esperar para o desfecho dessa trilogia? O que você pode adiantar para seus fãs?

Spohr:  "Herdeiros de Atlântida" é um thriller de fantasia. "Anjos da Morte" é um drama psicológico. E "Paraíso Perdido" será um épico mitológico, bem ao estilo de "A Batalha do Apocalipse", como grande batalhas etéreas.

CqP: "A BATALHA DO APOCALIPSE" já foi lançado em alguns países da Europa. Como foi a aceitação desse mercado? Como andam as negociações com outros mercados, como América Latina e Estados Unidos e Canadá, por exemplo? Há previsão para o lançamento da trilogia "Filhos do Éden" la fora também?

Spohr: O livro foi muito bem nos países em que já foi lançado, mas para que ele seja publicado em outras regiões é necessário ainda que ele seja passado para o inglês, justamente para que os editores internacionais possam avaliá-lo. Este ano vou me dedicar a supervisionar isso e em achar uma pessoa qualificada para esse trabalho.

CqP: Para encerrar, diga lá: "A BATALHA DO APOCALIPSE", caso tenha seus direitos comprados por Hollywood, qual seria o melhor formato? um longa de 3 horas de duração ou uma minissérie da HBO?! Quem você desejaria dirigindo esse projeto?

Spohr: Hheehe. Pensando alto agora, né? Eu acho que por suas batalhas épicas, "A Batalha" ficaria melhor na tela grande, perderia muito na tela pequena. Já "Filhos do Éden" creio que tem uma cara mais de série mesmo. Bom, quem sabe um dia, né?




Se você está no Rio de Janeiro ou vai estar no próximo fim-de-semana, não perca a noite de autógrafos com Eduardo Spohr na Saraiva do Shopping  Rio Sul a partir das 19h30.

Quer ficar por dentro de novidades do Eduardo? Visite o blog dele, Filosofia Nerd!

4 comentários:

  1. Oi Rafael,um neto sendo entrevistado por outro neto é maravilhoso,momentos como esse ,fazem com que eu fique muito feliz,um beijo Vó Celia

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  2. Taí, lembrar dos recreios no Externato de São Patrício, juntamente com a Maria Fernanda T. e vocês dois, me fez sentir saudades. Marcas na alma e no braço esquerdo (sítio de Pedra de Guaratiba), que vou levar para o resto da vida, não me deixam esquecer da amizade de vocês. Parabéns pelos livros (vou começar minha leitura ainda hoje) e pela bela entrevista. Bernardo Goytacaz Cavalheiro

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