quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Argo

O cinema hoje em dia anda carente de bons roteiros, é fato. E carente de bons diretores que possam fazer esse roteiro ser bem filmado. No caso de ARGO, a surpresa maior é que, além de um excelente roteiro escrito pelo estreante em longas Chris Terrio, o filme conta com a direção precisa (e injustamente fora da disputa do Oscar deste ano) de Ben Affleck. Sim, isso mesmo! Se como ator o rapaz é um canastrão de marca maior (mesmo com alguns acertos, como quando interpretou George Reeves, protagonista suicida do seriado do Super-Homem dos anos 1950, no filme "Hollywoodland"), atrás das câmeras ele vem mostrando muita competência.

ARGO conta a história de seis diplomatas americanos que , no final de  1979, conseguem fugir do cerco à embaixada dos EUA em Teerã após a deposição do Xá (que se exila nos EUA) e se refugiam na casa do embaixador do Canadá. A CIA então recorre a Antony Mendes (Affleck), agente especialista em extrações que, dentre tantas idéias estapafúrdias dos colegas para tentar resgatar seus compatriotas, bola um plano minucioso e, até mesmo para ele e quem o apoia, impossível de dar certo. O tal plano: fingir que ele próprio e os seis americanos são, na verdade, uma equipe de produção cinematográfica canadense a procura de locação no Irã para um filme de ficção científica chamado ARGO, uma espécia de clone de "Guerra nas Estrelas". Para isso ele conta com seus contatos em Hollywood, entre eles o maquiador John Chambers (John Goodman) ganhador do Oscar por "Planeta dos Macacos" e do produtor Lester Siegel (Alan Arkin). Mas a mentira tem que ser bem contada para convencer os homens do governo do Aiatolá Khomeini e toda uma parafernália em Hollywood é montada para que a imprensa divulgue o filme. Afinal, como diz Lester a Antony, "Hollywood é a terra da mentira, e se for para fazer um filme de mentira, que seja o melhor filme de mentira já produzido!" (ou algo assim).

Affleck conseguiu reunir um time de primeira para contar essa história que há até bem pouco tempo era desconhecida de todo o mundo (o Canadá ficou com todas as glórias pelo resgate dos diplomatas na época, visto que a CIA e o governo americano deveriam negar qualquer envolvimento com tal resgate de modo a preservar a vida de outras dezenas de americanos feitos reféns na queda da embaixada). Indicado a sete prêmio da Academia (ou Oscar), o filme merece muitas, mas muitas palmas, principalmente para o roteiro adaptado (uma das indicações), fotografia e direção de arte (infelizmente ambos fora da disputa). Destaque também para a trilha sonora, composta de clássicos do início dos anos 1980 (uma extensão dos anos 1970).

Indicações ao Oscar:
- Melhor filme;
- Melhor roteiro adaptado;
- Melhor ator coadjuvante (Alan Arkin);
- Melhor trilha sonora;
- Melhor montagem;
- Melhor edição de som;
- Melhor mixagem de som.

2 comentários:

  1. Acabei de ver o filme. De fato, uma filme digno das boas críticas que teve e das indicações que recebeu. Mas fiquei curioso com a direção do filme... Não sei se o estilo do próprio Affleck ou se é uma técnica que remete aos métodos da época utilizada de propósito, mas ele raramente enquadra a cena com a pessoa aparecendo de corpo inteiro. Pode-se contar nos dedos essas cenas... Sempre se enquadra da cintura para cima ou ainda mais fechado no rosto, etc. Percebeu? Algum comentário?

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    1. Sim, Danilo, a direção de Affleck faz direta alusão aos thrillers dos anos 1970. Um bom exemplo desse gênero pode ser conferido em OPERAÇÃO FRANÇA, de William Friedkin (mesmo diretor de O EXORCISTA), com Gene Heckman.

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