quarta-feira, 15 de julho de 2015

Exterminaram o futuro

Sim, esse é o cartaz oficial do filme...
A onda de revivals dos anos 1980 e 1990 parece não ter fim em Hollywood. Só esse ano já revimos no cinema a franquia MAD MAX e JURASSIC PARK e agora TERMINATOR (e vem mais por aí). Falta de originalidade nem sempre é a questão. Na verdade, os executivos da indústria de entretenimento americana sabem muito bem o que fazem quando solicitam e/ou aprovam um projeto como esse. O que importa é a grana que entra, só isso. Qualidade e respeito aos fãs passam longe aqui. Salvaguardando um ou outro lançamento, no geral esses remakes são uma bomba. Por isso mesmo fiquei com muito receio do que poderia ver nessa nova (sic) visita ao universo criado por James Cameron há mais de 30 anos. O mesmo receio, aliás, que tive com JURASSIC WORLD (não confirmado, conforme vocês podem ler aqui). Infelizmente, meus medos se concretizaram e eu saí do cinema com uma baita vontade de reassistir tanto o filme de 1984 quanto a sua excelente sequência de 1991 (sequência essa que deveria ter encerrado a franquia para sempre).

Já nos trailers que vendiam o filme eu já pressentia que coisa boa não viria por ai, mas fã como sou da franquia (mesmo do mais fraco TERMINATOR 3: RYSE OF THE MACHINES) e até curioso para ver onde essa outra "linha do tempo" que eles criaram poderia chegar, e também ainda extasiado com o novo Jurassic Park, digo, World, resolvi arriscar. Antes eu tivesse dado ouvidos a meus instintos. Não que o filme seja ruim 100%. Ele tem ótimas sequências, mas sobretudo aquelas que fazem referência direta ao filme de 1984, inclusive utilizando o mesmo posicionamento de câmera e edição utilizados por Cameron. Ponto para o diretor Alan Taylor. Mas só. Até mesmo as (poucas) referências ao filme de 1991 e também ao finado seriado "The Sarah Connor cronicles" são totalmente dispensáveis.

Nesta nova, digamos, aventura, começamos com a aparente derrocada da toda poderosa Skynet no ano de 2029 por John Connor e seu exército, que toma as instalações do inimigo onde foi construída a máquina do tempo, e que minutos antes fora utilizada para enviar o temido T-800 no encalço de Sarah em 1984. Eis que Kyle Reese se oferece para voltar no tempo e salvar a mãe do "salvador". John, que já sabe que aquele soldado é seu pai, o envia então, mas é atacado por alguém que descobriremos um pouco mais adiante que se trata da própria Skynet personificada como humano.

Reese (Jai Courtney, da série SPARTACUS) chega em 1984 mas ao invés de ir salvar Sarah, é ela quem salva do ataque de um T-1000 (!!!), que foi enviado para intercepta-lo. Sarah, aqui interpretada, aliás, mal interpretada pra caramba por Emilia Clarke (a Kaleese de GAME OF THRONES) é ajuda por ninguém menos do que um outro T-800, o próprio Arnold, velhão, mas ainda chutando muitas bundas. Sim, velho, porque a matéria orgânica que envolve o androide envelhece (apesar de se regenerar com muita facilidade)!!! Esse T-800 foi enviado sabe-se lá por quem do futuro para proteger Sarah ainda criança contra um ataque de um T-1000 (o que nos deixa confusos e nos perguntando por que afinal não enviaram um T-1000 para matar a avó de Sarah logo de uma vez...). Confuso, assim como os espectadores, Reese aceita o plano de Sarah e do T-800 carinhosamente apelidado de "Papis" (me lembrei muito do Kiko nessa hora) para entrar numa máquina do tempo construída por eles e ir ao dia do Julgamento Final em 1997 e matar a Skynet antes que ela "acordasse", mas Reese, que obteve novas memórias enquanto viaja ao passado, afirma que a data do Juizo Final foi adiada para 2017 e convence Sarah disso.

Ok, ok, ok. Por que 2017? Por que não 2015, ano do lançamento do filme? Não sei. Algo que os roteirisas Laeta Kalogridis e Patrick Lussier precisam explicar. Mas, no filme, é o ano em que o sistema operacional GENISYS entrará em ação. E GENISYS nada mais é do que a Skynet. Só isso.

Tudo seria até muito fácil não fosse a presença de John Connor (Jason Clarke) em 2017. Sim, o próprio salvador! Mas não o John Connor de 2017, porque, afinal, ele não existe, já que Sarah e Reese viajaram no tempo antes mesmo do menino ser concebido. E sim o John do futuro, o John que vimos ser atacado enquanto Reese estava na máquina do tempo.  O John que agora não é mais John e sim um super androide modificado pela Skynet e que está ali para garantir que nada atrapalhe seus planos. Mas se John nunca nasceu, quem é ele, não é verdade?

Ah, essas linhas do tempo paralelas. As mesmas que Doc Brown nos explicou em DE VOLTA PARA O FUTURO, lá em 1985, e que só servem para dar um nó na cabeça de quem curte ficção científica. Melhor parar por aqui...

TERMINATOR: GENISYS é um bom filme de ação, e só. Incursões de comédia num filme que deveria ser sombrio (como foram os de 1984 e 1991) deveriam ter sido banidas do corte final, ou sequer terem sido escritas. Um casting que fizesse juz a Linda Hamilton e Michael Biehn seria também o mínimo que se esperar. Isso sem falar no desperdício que foi ter J. K. Simmons (ganhador do Oscar esse ano por "Whiplash") no elenco; um personagem que não serviu absolutamente de nada à estória.

Para não dizer que não falei das flores, a luta do velho T-800 com o novo T-800, recém chegado em 1984, foi antológica e deveras bem feita. Palmas para o diretor e para toda a tecnologia empregada ali.

Que não venham mais sequências de TERMINATOR. Este aqui não agregou valor algum à franquia. Agora, com licença, vou ali assistir o blu-ray de O EXTERMINADOR DO FUTURO 2.


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