sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Cultura x Guerra

"Se você acha que eu vou arriscar a vida de meus homens pedindo que eles poupem uma torre medieval ao invés de atirarem em um inimigo, você está muito enganado!",  disse algo assim um capitão na Normandia para o tenente Frank Stokes (George Clooney) numa cena emblemática desse "Caçadores de Obras-de-arte" (The Monuments Men), dirigido pelo próprio Clooney e escrito por ele e por Grent Heslov, baseado no livro de Robert M. Edsel e Bret Witter. Essa cena é emblemática porque há um claro conflito de interesses, ambos dignos: a vida humana ou seu legado cultural? 

É com esse dilema que acompanhamos as aventuras pela Europa durante a Segunda Guerra dessa equipe, interpretada por um time da melhor qualidade de Hollywood: Matt Damon, amigo pessoal de Clooney, com quem já se aventurara na trilogia "Tantos homens e um segredo", Bill Murray, sendo Bill Murray, a lindamente fotografada Cate Blanchet (que concorre esse ano ao Oscar por seu papel em "Blue Jasmine"), John Goodman e Jean Dujardin (de "O Artista").  O trabalho deles é, além de tentar preservar o que restou da arquitetura histórica do velho continente, tentar recuperar obras de arte roubadas pelos nazistas, tanto de museus e igrejas quanto de famílias judias (Hitler, como se sabe, era  apreciador de arte e queria para si mesmo todas as obras, em um museu só seu na Alemanha).

A direção de arte de Helen Jarvis e a fotografia de Phedon Papamichael (que está concorrendo ao Oscar esse ano por "Nebraska"), além da música de Alexander Desplat (concorrendo ao Oscar esse ano por "Philomena") dão o clima nostálgico da Europa em Guerra. Clooney, em sua quinta incursão por trás das câmeras no cinema, dirige esse time com precisão e delicadeza, criando um Filme de Guerra diferente, onde o que está em jogo não é a vida humana - apesar de muitos sacrifícios em prol da demanda - e sim a sobrevivência, o legado de toda a humanidade. Pode parecer arrastado em alguns momentos (se você procura um filme de ação passado na Segunda Guerra, esqueça!), mas Clooney faz questão de salientar sua história nos personagens, na honra por sua nobre missão, e seu deleite coma sensação de dever cumprido ao final do filme. Definitivamente, é um filme de personagens - bem ao estilo de Woody Allen.


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