quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Truque tão bom que engana o espectador


Não se deixe enganar, "NOW YOU SEE ME" ("Truque de Mestre - Os ilusionistas", aqui no Brasil), o mais novo membro da família "heist movies" (aqueles filmes sobre roubos mirabolantes em que nós nos pegamos torcendo pelo bandido) não é o filmaço que ele se vende ou que alguns críticos estão bradando. Sim, o filme é bom, é empolgante e divertido. Eu me peguei batendo palmas em algumas cenas, fascinado que sou com truques de mágica, excitado também com as cenas de ação de tirar o folego e extremamente bem dirigidas por Louis Leterrier e editadas por Robert Leighton e Vincent Tabaillon (prevejo uma indicação ao Oscar® nessa categoria). Mas ele se vende como sendo um dos roteiros mais inteligentes já filmados nos últimos tempos. Bem, em se tratando de Hollywood isso é até verdade.

O fato é que o roteiro de Ed Solomon, Boaz Yakin e Edward Ricourt nos conta uma história até os cinco minutos finais, quando, de repente, como num passe de mágica, ele nos dá um tabefe na cara e diz: "ei, acorda! o filme que você estava assistindo não existe! A história agora é essa.". Ou seja, ele claramente chama você, espectador, de burro. Os mais incautos, claro, vão bater palmas em pé e sair do cinema com a certeza de terem tido um entretenimento eletrizante e inteligente, que explodiu suas cabeças! Sendo assim, pensando melhor, o filme fez seu papel, que é entreter. E mais: fez um verdadeiro passe de mágica, cujo segredo, como é deveras mostrado no filme pelo personagem Thadeus Bradley, especialista em desmascarar mágicos, é desvirtuar a atenção do público de onde a ação está realmente se passando para iludi-lo no final. E foi exatamente isso o que se passou. Aliás, seria, caso houvesse no filme quaisquer indícios, pistas mesmo, que ajudassem o final a fazer algum sentido. 

Um exemplo claro do que estou querendo dizer é "O SEXTO SENTIDO", de 1999 (caraca! esse filme já tem quase 15 anos!). No único bom filme de M. Night Shyamalan (sim, você leu certo: único bom filme dele), nos cinco minutos finais descobrimos o grande segredo: o dr. Malcolm, personagem de Bruce Willis, é um fantasma, e ele mesmo não sabia disso. Ao se dar conta disso, o roteiro mostra em diversos e rápidos flashbacks todas as pistas que poderiam ter levado o espectador mais atento (e põe atento nisso) a desvendar esse segredo. Assistindo então uma segunda, terceira, décima vez o filme, tudo faz sentido, justamente porque o roteiro não o trata como burro, não o ilude no final. E continua surpreendente.

No caso de "TRUQUE DE MESTRE", não há nada que indique ou explique claramente o que vemos no final. A desculpa - se é que ela realmente existe - é muito esfarrapada. Aliás, várias pontas soltas foram deixadas, como, por exemplo, como se iniciou o envolvimento do personagem de Michael Caine com os  seus patrocinados Quatro Cavaleiros, o quarteto fantástico de ilusionistas da fita (Jesse Eisenberg, quase repetindo seu papel em "A rede social", Woody Herrelson, Isla Fisher, a mais fraquinha do quarteto, e Dave Franco, irmão de James Franco). Ou como o truque da bolha foi feito. Ou qual a motivação dos quatro em ajudar um patrocinador oculto. Ou o que é o Olho. Enfim...

Mark Ruffalo, Morgan Freeman e Mélanie Laurent (a Shosanna de "Bastardos Inglórios") completam o elenco estelar, mas com personagens sem qualquer sintonia entre si.

De qualquer forma, como eu disse antes, o filme é extremamente divertido e um prato cheio para os amantes de ilusionismo e filmes de ação. Assista sem compromisso e divirta-se por duas horas. 


4 comentários:

  1. E aquele final dps dos credito? so eu que nao consegui entender?

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  2. Eu também não! Desapareceram com os mágicos, é isso?

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  3. Eu achei o filme muito bom ouvi falar que vempor ai a continuação

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