quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Batman: ciclo fechado com maestria (ou não)



Não sei se foi o fato de ter sido um dos filmes mais esperados não somente do ano, mas dos últimos 3 anos, ou se foi o fato dele ser o anunciado e apoteótico capítulo final de uma trilogia de sucesso, como foi "O RETORNO DO REI", em 2003, ou simplesmente se eu estava tendo um ótimo dia (era dia dos pais). O fato é que ter assisto BATAMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE foi uma experiência cinematográfica ímpar, com direito a palmas no final e vontade absurda de re-assistir a fita.

Atenção: spoilers a frente


O senhor Christopher Nolan conseguiu o que poucos cineastas de todas as gerações conseguiram: entrar no hall da fama e ser considerado um Midas da sétima arte, tanto por fãs de cinema quanto por fãs de quadrinhos (mesmo que alguns mais afoitos apaixonados pelo personagem Homem-Morcego tenham torcido o nariz em algum momento dessa trilogia de sucesso). Endeusado, praticamente, Nolan entra para a história com esse ponto final (?) de sua versão sobre um personagem enigmático e querido por milhões ao redor do planeta, fechando um arco dramático aberto há 7 anos.. E de quebra deixa em aberto para futuros projetos caso alguém queira dar continuidade a saga do herói mascarado de Gothan.

No filme, 8 anos se passaram desde os acontecimentos de "O CAVALEIRO DAS TREVAS" (2009). Gothan está mais segura do que nunca por conta da Lei Harvey Dent, uma espécie de tolerância zero como a imposta pelo prefeito Rudolph Giulianni em Nova York no final do século XX. Batman continua foragido e odiado. O comissário Gordon (Gary Oldman) continua remoendo-se de remorso, mas firme em sua decisão de manter a memória do promotor morto, mesmo sabendo que ele se tornara um bandido antes de morrer. E Bruce Wayne (Christian Bale) está recluso na ala leste de sua mansão, inválido, deprimido. Quando a Mulher Gato (Anne Hathaway) lhe rouba um colar de pérolas de seu cofre com o pretexto de, na verdade, roubar suas digitais para vende-las a Bane (Tom Hardy), de modo que ele inicie seu plano de destruição de Gothan, começando pelo roubo da fortuna de Wayne através da bolsa de valores e, por conseguinte, controle das industrias Wayne e seu arsenal de guerra, é que Batman resolve voltar a ativa, temendo que um novo vilão nos moldes do derrotado Coringa acabe com a tranqüilidade da cidade. Para tanto, ele contará com a ajuda do policial Blake (Joseph Gordon-Levitt), que, muito espertamente, malandro como só um órfão poderia ser, descobre a identidade do justiceiro e o incita a continuar sua luta.

Analisando mais friamente, deixando a empolgação de lado, podemos notar não uma ou duas, mas várias falhas no filme, principalmente em questão de roteiro. Deixando de lado que se trata de um filme de ficção, baseado em quadrinhos (ou Comic Books, whatever), e que por isso mesmo deve ter e tem ressalvas quanto a lógica e a realidade, fica difícil engolir certos trechos sem ao menos se perguntar “mas como?” ou “por quê?”.  Como, logo no começo do filme, quando um grupo de terroristas encapuzados é escoltado num avião de volta aos EUA e entre eles está o vilão Bane, sem que os agentes saibam. Ou quando o vilão aprisiona 3000 policias de Gothan nos esgotos e eles quando libertos 5 meses depois aparentam ter passado um período de férias num resort. Ou quando Bane quebra a coluna de Batman / Bruce Wayne e o joga no Poço, prisão nos confins do mundo, de onde ele teria escapado e se tornado ídolo dos párias lá confinados, mas pede que cuidem dele (o que é exatamente o que os prisioneiros fazem, inclusive, concertando (!!!) a coluna de Bruce).  Isso sem falar nas falhas de continuidade ou lapsos temporais em que acontecimentos não são explicados, ou mesmo no fato de que o personagem título quase não aparece em tela e, quando o faz, está mais do que fragilizado (humanizado ao extremo, eu diria). Além disso, nem sequer é citado o maior vilão da trilogia toda, o Coringa. Mesmo com a morte de Heath Ledger, o personagem merecia ser lembrado, nem que por nome apenas.

Ai é que encontra-se a maestria de Nolan, que mesmo com várias falhas, consegue escrever e dirigir um filmaço, com ação, trama e, vá lá, alguma mensagem politizada (mesmo que essa no filme tenha ficado deturpada, com o bandidos tomando conta de Gothan contra a elite que a teria enterrado em caos).  Um filme que, como dito lá em cima, deixa uma vontade absurda de re-assistir (algo raro hoje em dia, principalmente em Hollywood).

Destaque para Michael Cane, o melhor em cena, como o cansado mordomo Alfred, e para a gatíssima Anne Hathaway, como a ladra Selina Kyle, a Mulher Gato. 

2 comentários:

  1. Bela crítica! Também gostei muito do filme, apesar das falhas no roteiro, que realmente chegam incomodar. Mas, como vc disse, Nolan construiu um filme tão bom que as falhas não chegam a comprometer o resultado final. Foi um filme que fechou muito bem a trilogia.

    Também escrevi sobre o filme. Se quiser dar uma olhada: http://isduarte.blogspot.com.br/

    Abraço.

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    1. Israel, obrigado pela visista e pelo comentário. Realmente, o filme peca em alguns aspectos como os descritos acima, mas mesmo assim é um filmaço! mérito do Nolan!

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