terça-feira, 13 de setembro de 2011

O bom e sempre atual cinema de entretenimento

Com o tempinho frio, nada melhor do que um bom filme na TV. E foi exatamente o que eu fiz esse final de semana. De minha coleção lancei mão de um clássico oitentista em blu-ray, liguei meu Home-Theater e me aconcheguei no sofá, devidamente munido de guloseimas e até um cafezinho para esquentar.  Após a mensagem de agradecimento pela compra do filme (algo muito melhor do que as propagandas anti-pirataria do "troco em bala" que comumente vêm nos produtos nacionais COMPRADOS!), o menu foi exibido com os acordes mais do que clássicos da trila de Alan Silvestri e não titubeei:  cliquei em inicar de uma vez! Carregamento concluído (o Blu-Ray tem disso...), o símbolo antigo da Universal encheu a tela e logo vieram os letreiros. Nada de som, nada de trilha.  Apenas: Steven Spielberg presents a Robert Zemeckis film. BACK TO THE FUTURE.

Eu não sei precisar quantas vezes já assisti a essa obra-de-arte em forma de entretenimento áudio-visual. A primeira, sem dúvida, foi em VHS, numa festa de aniversário de um primo lá nos idos de 1986 ou 1987 (na época os filmes demoravam mais para ser disponibilizados em home-video), depois na TV, principalmente em diversas reprises da Sessão da Tarde. No cinema mesmo só conferi os outros dos filmes que completam a trilogia. E continuei assistindo em VHS, pois claro que eu tinha gravado o filme (e suas continuações) na TV ou copiado da fita alugada na locadora (lembram dessa época? Locadoras de filmes! Em VHS!!!). Mais tarde, já no século XXI, adquiri a trilogia completa em DVD e a assisti pelo menos umas duas vezes por ano, a última dublada na companhia de minha mulher e minha filha com então 4 anos. No final do ano passado, já na era da alta definição, adquiri a trilogia numa linda edição em lata vindo diretamente da Amazon do Reino Unido, recheada de mimos que qualquer fã da trilogia gostaria de ter (infelizmente não veio o Delorean, rs, mas a planta do capacitor de fluxos está lá!). Curiosamente eu só havia assistido aos extras (muitos extras!) e não aos filmes. Mas esse “erro” eu corrigi, como disse, no fim-de-semana passado (ok, assisti apenas ao primeiro filme, de 1985, mas é o que vale para esta resenha).

O ponto em que quero chegar é que, de tanto assistir o filme, eu já decorei todos os diálogos, em inglês até, o que faz das legendas algo supérfluo (ainda mais nesta edição que eu tenho, onde elas estão em português de Portugal, com todos os maneirismos e gírias característicos dos nossos patrícios). Mas mesmo assim, mesmo sabendo o filme de cor e salteado, de trás para frente, eu me surpreendo com detalhes nunca antes percebidos. Por exemplo; na cena de abertura – uma das mais bem escritas e dirigidas de todos os tempos, ouso dizer, onde toda a apresentação de um personagem é feita sem ao menos ele estar presente – eu descobri desta vez a câmera de Doc Brown (Christopher Lloyd) largada sobre a sua cama (cama? Parecia mais um catre de tão pequena!). Pode parecer bobagem, mas isso é fantástico! São detalhes que fazem perceber o quão caprichosa foi a direção de arte e o continuista, por exemplo.

"Meu Deus, Doutor, você desintegrou o Eistein!"

Após essa primeira cena finalmente o tema musical POWER OF LOVE, de Huey Lewis and the News explode nos alto-falantes e somos então apresentados a Marty MacFly (Michael J. Fox) , o jovem protagonista, a quem acompanhamos em sua viagem de skate pelas ruas da fictícia – mas totalmente verossímil -  Hill Valley,  até a escola, toda pichada e decadente. Após frustar-se por não sua banda não ter sido aceita no teste para o sarau da escola (tocando inclusive o tema POWER OF LOVE e curiosamente sido descartado pelo próprio Huey Lewis, em uma ponta mais do que especial, como um professor careta), ele é consolado pela namoradinha Jennifer e somos então apresentados a mais um personagem: o relógio da Torre. Sim, mais do que uma simples locação, o Relógio da Torre é um personagem importantíssimo na narrativa e ficamos conhecendo sua trágica história ali, quando Marty e sua namorada fazem as vezes de personagem orelha ao ouvir o discurso da manifestante.

Marty vai para casa, empolgado com a promessa de um ótimo fim-de-semana com Jennifer, mas novamente é frustrado, agora pelo carro da família destruído por Biff, o valentão chefe do pai, George McFly, um banana completo. Conhecemos então o núcleo familiar de Marty (o pai banana, a mãe bebum e conformada, a irmã gorda e frustrada e o irmão mais velho, um looser completo que trabalha a noite numa lanchonete). Novamente fazendo-se de personagem orelha, o pouco interessado Marty e seus irmãos ouvem novamente a história de como seus pais se conheceram ainda na escola. Pronto. Já estamos por dentro da história.  

"Por que está me chamando de Calvin?"



Por que eu dediquei tanto tempo de minha resenha a esses poucos minutos iniciais? Pelo simples fato de que o roteiro, todo mastigadinho e deveras bem escrito, nos fez imergir naquela história com muito esmero. Para quem já viu o filme algumas vezes, como eu, podemos notar que toda a narrativa das quase duas horas de filme está condensada ali naqueles 10 minutos. Sabemos, claro, que quando Marty viaja no tempo até 1955 as coisas mudam um pouco, como sendo ele o atropelado pelo pai de Lorraine (sua mãe), fazendo dele a paixão instantânea dela, e sabemos que vai haver uma tempestade, que o relógio da torre vai ser danificado, que haverá um baile e nesse baile que seus pais devem ser beijar  pela primeira vez e se apaixonar.

Com diálogos memoráveis e cenas antológicas, como a da perseguição de Marty Macfly em seu skate adaptado de um carrinho de rolimãs por Biff e seus comparsas pelo centro de Hill Valley (cena aliás, repetida no segundo filme, mas com algumas adaptações), ou a do baile, onde Marty toca JHONNY B. GOOD com a banda de Marvin Berry (o suposto primo de Chuck Berry na fita!), sem falar na seqüência final onde ele precisa acelerar o Delorean até a praça para aproveitar a energia de 1.21 Gigawatts do raio que cairá no relógio da torre (seqüência  que me deixa sempre angustiado e tenso),  DE VOLTA PARA O FUTURO é um marco não só no cinema de entretenimento típico de Hollywood daquela década “perdida”, mas do cinema mundial com um todo. A música envolvente de Alan Silvestri, que após o fim do filme não sai da cabeça de quem assiste, a ágil edição,  todo o elenco (muito inspirado!), a já citada direção de arte, e a mais do que competente direção de Zemeckis tornam esse filme (e, claro, toda a trilogia) obrigatório em qualquer lista dos 10+ de todos os tempos.  Pena que não fazem mais aventuras como essa... É entretenimento, puro e simples.

Não perca tempo e garanta já a sua edição em Blu-Ray* na Amazon do Reino Unido (legendas em PT-PT):

* a edição de colecionador a que me referi não está mais disponível, a não ser pelo market place (terceirizados) da própria Amazon e nenhum dos vendedores envia para fora do reino Unido. O precinho está bem salgado. Se você estiver de passagem pela terra da rainha ou conhecer alguém que vai para lá, pode tentar ter essa linda edição em sua coleção:



Teaser de 1985:



Teaser de 2010 (um presente pros fãs!):




Trailer do lançamento em Blu-Ray:

5 comentários:

  1. Belo post, caro Poggi. Grande filme! Parabéns!
    Tenho a versão mais modesta de De Volta Para o Futuro que em breve irei apresentar no meu blog. A lata não consegui, hehe.
    Abraços!

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  2. Belo post! Fiquei relembrando o filme conforme vc foi descrevendo, rs. Não faz muito tempo que revi os 3 filmes, e o primeiro continua sendo o melhor pra mim. Acho sensacional como o roteiro e os detalhes visuais são exatos e redondos na história.

    De fato, um grande clássico.

    Abs!

    Natalia Xavier

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  3. Bacana o post, meu caro Poggi. Muito bom mesmo.

    Da trilogia eu só assisti ao primeiro mas quero ver os outros, acima de tudo o segundo, que tem realmente cara de ser melhor que o primeiro.

    Abs

    Victor Ramos

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  4. Não diga isso, caro pudim! DE VOLTA PARA O FUTURO 1 é o melhor de todos, e não por ser o primeiro apenas! Não que o 2 e o 3 sejam ruins (aliás, eu prefiro o 3 do que o 2). Mas os 3, juntos, como um único filmão de 6 horas, é O MELHOR ENTRETENIMENTO JÁ FEITO!

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